As normas de boa conduta sugerem que não nos aproximemos muito de alguém pra quem estamos sendo apresentados. No Brasil, cerca de 60 cm de distância durante um aperto de mão é razoável. Mas há tratamentos que fazemos com profissionais que não conhecemos em que essa regra é quebrada. O tratamento dentário é um deles. Na cadeira do dentista, a proximidade entre profissional e paciente é tão grande que a privacidade deste último é totalmente invadida.
Mas não é somente por causa dessa invasão de espaço que o paciente se sente exposto. O exame clínico bucal também é complicado. Uma pessoa estranha está examinando partes da boca que, às vezes, nem mesmo o próprio paciente já viu. Além disso, o paciente tem que contar várias situações de sua vida pessoal ou revelar fatos constrangedores a um profissional que ele talvez ainda nem confie.
Há pacientes que usam próteses e seus cônjuges nem sabem. Há outros que fazem cirurgias bucais de extração de dentes e colocação de implantes e que não permitem que os parceiros, mesmo acompanhando o pós-operatório, saibam o que foi feito. E tem ainda aqueles pacientes que realizam coroas dentárias e facetas de porcelana e contam aos colegas de trabalho que fizeram somente um clareamento dental.
Enfim, na odontologia nos deparamos com situações tão adversas, com tantos tipos de pacientes, que temos que ter uma postura muito profissional e passar credibilidade para conseguirmos o máximo possível de informações do paciente. Às vezes, um detalhe que o paciente acha desnecessário contar ao dentista pode elucidar um diagnóstico.
E esse “contar ao dentista” vira uma verdadeira confissão. Tudo o que é falado e visto dentro de um consultório odontológico deve ser criteriosamente resguardado. Bons profissionais dentistas e auxiliares respeitam a intimidade dos pacientes e reservam somente para si as informações confidenciais do tratamento de todo paciente.
A prática de uma odontologia séria requer cumprimento de todas as regras do código de ética odontológico. E o segredo profissional é uma das regras que nunca deve ser quebrada – a não ser por ordem judicial ou que o paciente dê seu consentimento por escrito. Tudo relacionado ao paciente – diagnóstico, tratamento, pagamentos, medos, comportamento, queixas – deve ficar restrito ao ambiente do consultório. Profissionais corretos fazem o que se comprometeram no juramento profissional e guardam o sigilo profissional. Comentários acerca de pacientes somente podem ser realizados em encaminhamentos escritos a outros profissionais, e com a autorização do paciente.
É extremamente importante que haja confiança do paciente pelo dentista que o atende. E que o dentista e seu pessoal auxiliar tenham correta conduta no trato com os pacientes. Somente profissionais de excelência e com postura ética são capazes de cumprir suas atividades com retidão e de garantir a manutenção do segredo profissional.
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